quarta-feira, 20 de julho de 2016

PARA MÃES DE GÊMEOS



Todo mundo pergunta, não tem jeito. Quem é mais agitada? Quem chora mais? Essa é a calminha? 
 
Acho que nenhuma mãe está livre da comparação entre irmãos, mesmo quando não são gêmeos. Mas ao olhar para duas criaturas muito parecidas fisicamente, as comparações são ainda mais comuns, eu diria, inevitáveis.
 
Mas nós, mães de gêmeos (especialmente do mesmo sexo) temos que tomar muito cuidado para não rotularmos e não tratarmos a duplinha como um "pacotão", tipo: o que um faz outro tem que fazer também.
 
Claro que, quando são muito bebês, a tendência é dar banho um seguido do outro, botar pra mamar um seguido do outro, levar para passear junto. Mas desde cedo, nós mães temos que começar a perceber as necessidades de cada um. E pode acreditar: elas são diferentes. Sempre são.
 
Uma das minhas filhas é preguiçosa desde recém-nascida, eu sempre tinha que tirar toda a roupa para ela não dormir no peito. A outra sempre foi mais ligada. Quando eu voltei a trabalhar, e elas já mamavam mamadeira também, junto com o peito, a Marina pouco depois começou a rejeitar meu peito, porque a mamadeira era muito mais fácil. E eu fiz uma grande besteira: tirei o peito da Joana também.
 
Meses mais tarde, drama da hora de dormir: era uma dificuldade botar a Joana para dormir sozinha, já a Marina adormecia rapidamente. E eu deixava a Joana chorar. Maior arrependimento da vida. Nunca façam isso, por favor.
 
Hoje eu vejo: a Joana, por personalidade, é muito mais dependente, precisa muito mais de contato, muito mais da mamãe por perto do que a Marina. E ela me deu sinais enormes disso, desde sempre. Eu demorei a perceber.
 
Até que um dia eu conversei com uma especialista que me deu um conselho valioso: dê colo para ela conseguir sair do colo. Se a criança está agitada, chorona, brigona, dando "defeito", nada melhor do que colo, carinho e atenção. Muito provavelmente é isso que ela quer e não está sabendo pedir. E o outro gêmeo, pode não sentir nada disso. 
 
Apareçam sempre.
 

 
 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

COMO EXERCITAR OS SENTIDOS E

COMO ELES SE RELACIONAM

(continuação do post Os doze sentidos)


Os sentidos trazem notícias do mundo físico, do mundo real. E os sentidos dependem da vivência, de exercitá-los. Quando um sentido básico não é bem desenvolvido nos primeiros sete anos de vida, as consequências aparecem na adolescência e na vida adulta. Veja só de que forma:

TATO/ EU: o sentido do tato bem desenvolvido é responsável pela auto-confiança na vida adulta. O TATO vira EU.
Como ajudar: colo, carinho, abraço, amor. Simples assim. Criança pequena precisa de contato, de calor humano das pessoas que ela ama, especialmente da mãe. Não tenha medo de mimar seu filho, dele ficar dependente ou mal acostumado. Só dando colo, que ele vai conseguir sair do colo depois.

VITAL/ PENSAMENTO: o sentido vital traz a sensação de pertencimento, de se sentir em casa, de satisfação. Quando os pais prestam atenção se a criança está bem, bem disposta, prestam atenção no vital e ensinam a criança a prestar atenção também. Quando esse sentido não é bem desenvolvido, a pessoa cresce com uma certa vergonha, como se não fosse bem-vinda.
Como ajudar: ter a medida e o momento certo para cada atividade, ter alegria às refeições, dar segurança à criança na infância, ouvir o que ela está dizendo e levar em conta.

MOVIMENTO/ LINGUAGEM: está ligado ao domínio do próprio movimento e à liberdade de movimento. Uma criança vê o campo verde, sai correndo, livre, numa alegria infinita. Esse sentido do movimento bem desenvolvido gera uma grande sensação de liberdade, de ser um ser humano livre. O contrário disso é a paralisação, uma sensação de impotência paralisante.
Como ajudar: permitir que as crianças sejam ativas, levá-las para brincar ao ar livre, num espaço amplo, onde possam correr a vontade, fazer todo o tipo de movimento que quiserem.

EQUILÍBRIO/ AUDIÇÃO: o sentido do equilíbrio traz a percepção da minha individualidade, de que eu sou um ser singular, um ser único. Quando esse sentido não é bem desenvolvido na infância, nos sentimos substituíveis, podemos ter tendência, na fase adulta, à destruição, vícios, violência.
Como ajudar: deixar a criança subir em árvores, brincar no balanço. Não ficar tanto tempo parado, em frente à TV ou ao computador.

Apareçam sempre!

 

 


 

 


 

PREOCUPAÇÕES (DESNECESSÁRIAS) DA GRAVIDEZ



A mulher engravida e já começa a se preocupar. Com a reforma da casa e o quartinho do bebê. O berço, o enxoval e o carrinho. Compro aqui ou compro fora? Qual o melhor? O que tem lugar pra bebê conforto ou aquele que é a última moda? Todo mundo tem...

E o chá de bebê? A sogra, muito solícita, avisa com voz de experiência: tem que fazer logo, vai que o bebê nasce antes da hora. E a mãe, coitada, já com tantas preocupações, ainda vai dormir com mais essa. 

Quanto sofrimento. Quanta angústia. Ter que dar conta de tudo, quando eu está tão cansada e só queria relaxar.

Na gravidez das gêmeas vocês podem imaginar...primeiras filhas, primeiras netas, e logo duas. Temos muito o que fazer, dizia a vovó, encantada. E toca pra Miami, trazer tudo o que há de mais lindo. (Roupas que foram usadas uma ou duas vezes. As preferidas, três.)
Na gravidez do Pedro eu aprendi: comprei menos, comprei melhor, deleguei tarefas pra quem estava ansiosa para ver tudo pronto. E mesmo assim, algumas peças foram novas para a doação. 
Quando vamos aprender? Nada disso é essencial. O essencial não se compra. Todo o resto, pode esperar, vem com calma.

Filho não precisa de berço, precisa de colo. (Pedro dormiu no bebê conforto até os quatro meses)
Filho não precisa de mamadeira, precisa de peito. (Se houver algum problema com a amamentação, tem 347 modelos diferentes de mamadeira na farmácia da esquina)
Filho não precisa de muitas mantas, precisa estar perto do corpo da mãe. 
Filho não precisa do melhor carrinho, precisa de tranquilidade.
Grávida não precisa comprar, precisa descansar.
Grávida não precisa se desesperar, tem que curtir.
As mudanças mais importantes estão acontecendo dentro da gente, e não do lado de fora. 

Apareçam sempre! 


segunda-feira, 27 de junho de 2016

OS DOZE SENTIDOS E OS NOSSOS FILHOS




Para a antroposofia, os nossos sentidos não são cinco, são doze. Além dos tradicionais visão, tato, paladar, olfato e audição, temos ainda: equilíbrio, pensamento, vital, movimento, eu, calor e linguagem. A relação entre eles, com a vida e o desenvolvimento de uma criança é incrível e acontece em etapas.

ATÉ OS 7 ANOS: Os sentidos corporais, ou básicos, se desenvolvem nos primeiros sete anos da criança:
TATO: faz a criança perceber o limite do próprio corpo. O sentido do tato dá a noção de até onde vai o corpo dela e começa uma outra coisa ou outra pessoa.
VITAL: traz notícias de dentro da criança. É o sentido que dá informações sobre o estado do corpo - bem estar, mal estar.
MOVIMENTO: está ligado à percepção do movimento próprio, à vivência de liberdade e de domínio sobre si, além do domínio na execução dos próprios movimentos.

EQUILÍBRIO: a criança em relação ao mundo.
Para a criança pequena, até os sete anos, o ambiente físico, aquele que a cerca, é muito importante. As cores são importantes, os materiais, a casa. Nesta fase, a criança confia absolutamente. Tudo é aprendido por imitação, é o momento do querer, ela simplesmente quer sem saber ou ter condições de avaliar se é certo, apropriado ou faz sentido. A percepção da criança nessa fase é de que o mundo é bom.


 
DOS 7 AOS 14 ANOS:
Os sentidos ambientais, ou medianos, se desenvolvem do segundo setênio:
CALOR

PALADAR
OLFATO
VISÃO

Entre os sete e os 14 anos, o que vem pela palavra é o que vai nutrir esta criança. Nesta fase ela vai consolidar a própria postura diante do mundo, como ela vai agir, como vai se comportar. A maneira como se relaciona com as pessoas também vai ser consolidada aqui. Para a criança dessa fase, o mundo é belo.


A PARTIR DOS 14 ANOS:
Os sentidos sociais, espirituais ou superiores se desenvolvem mais no terceiro setênio:
EU

PENSAMENTO
LINGUAGEM

AUDIÇÃO
A partir dos 14 anos, os adolescentes buscam a coerência no mundo. Um posicionamento. É legal ter alguém para se espelhar. Hora de buscar referências e se posicionar. O mundo é verdadeiro.


 
Apareçam sempre!

 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

AMAMENTAR É AMAR

Dois dos maiores especialistas brasileiros em amamentação concordam: não existe leite fraco. Não existe pouco leite. Não existe "meu leite secou".

E vamos deixar claro: isso não é motivo de culpa, ao contrário, é extremamente libertador. Saber que todas nós podemos amamentar, se quisermos e se tivermos a informação e o apoio adequados. 


Os especialista que eu mencionei acima são: Dr. João Aprigio Guerra de Almeida, da Fiocruz, coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano e a Dra Luciana Herrero, pediatra com especialidade em amamentação. 


Ouvi palestras incríveis dos dois e divido com vocês alguns dos pontos de que eu mais gostei: 


João Aprigio:

- a ioga (na gestação e depois do parto) propicia o empoderamento da mulher, facilitando a amamentação.
- O hormônio da amamentação é a prolactina. Ela é de suma importância, mas sozinha não faz nada. A prolactina funciona como uma chave. E quando há muito stress, outros hormônios - os peptídeos supressores- entram no lugar onde o leite é produzido. O que determina o sucesso da amamentação é a relação de harmonia entre mãe e bebê. 
- O bebê tem fome de que? Não é só de nutrição. Não é só fome. É carinho, aconchego, mãe, sede, colo. 
- o leite do início da amamentação é aguado, mais branco. Não quer dizer que é fraco, é assim mesmo, tem uma razão de ser, é aguado para matar a sede do bebê. O leite do fim é rico em gordura e por isso, amarelado. Isso é importante pra saber que é necessário amamentar totalmente, até o peito esvaziar. 
- o primeiro leite, o que tem mais água, é o que tem mais fatores de proteção. O segundo tem mais proteína, que vai sustentar o crescimento da criança, os ossos. O terceiro mais gordura. Por que é importante a gordura no final? Para o bebê aprender a plenitude gástrica e ativar a sensação de saciedade, física e psíquica. Só por este fator, os bebês que foram amamentados tem 33% menos chance de desenvolver obesidade na vida adulta. 
- não existe milagre para aumentar leite. Água, descanso e nutrição adequada. É só. Bengalas: caldo de cana, canja de galinha, não vão fazer mal, mas são bengalas. Às vezes, a gente precisa de bengalas. 
- Dieta materna: se a mãe não é acostumada a tomar leite e derivados, é bom evitar durante a amamentação porque o bebê pode desenvolver alergia e intolerância. Chocolate e pimenta, a mesma coisa. O melhor, tanto para a mãe que está amamentando ou para a gestante, é não mexer na alimentação. Pode mexer na quantidade, aumentar proteína por exemplo, mas não na qualidade. Se está acostumada a comer carne vermelha, continua comendo. Pode diminuir, comer mais peixe, mas não mudar. 
- Vamos reconhecer a amamentação como algo fundamental para a qualidade de vida da pessoa na vida inteira. O que acontece nessa fase é decisivo. É através desse momento que formaremos seres humanos melhores. É um momento de ouro: tem chance de recuperar o que ficou mal resolvido e projetar um caminho mais tranquilo adiante.

Luciana Herrero:

- O leite sempre é forte. Se a mulher está desnutrida,  ela vai perder cálcio dos ossos, proteína dos músculos, mas o leite vai ser sempre forte. A mulher é que perde nutrientes, todos vão para a produção de leite. 
- para aumentar a produção de leite nada como amor, carinho, descanso, água, nutrição. 
- o sucesso da alimentação: 50% são por causa do pai. Principais causas de desmame: avó e pediatra.
- nunca culpe uma mulher que não conseguiu amamentar. Ela não é má mãe. Ela não deu conta de todo o processo físico e psíquico, que é intenso e difícil.
- Uma mãe que não conseguiu amamentar: a primeira coisa é tirar a culpa dela. A mãe amamenta toda vez que segura o filho no colo, olha no olho e brinca com ele. 
- Não adianta dar leite, tem que amamentar. Olhar nos olhos. Isso nutre o cérebro, alimenta a alma, o cérebro faz várias sinapses. É pra vida. 
- Alimentação psíquica: olhos nos olhos, conversas, cantarolar, toque, massagens, alimentar nos braços, estar presente. Isso a neurociência já provou. As sinapses cerebrais são feitas com mais velocidade quando há tudo isso. 


Apareçam sempre!

QUEM PRECISA DE UMA EDUCADORA PRÉ-NATAL?

Quando eu digo para alguma amiga que estou fazendo um curso de educadora pré-natal, a primeira pergunta que eu ouço é sempre: "De que?". E a segunda: "Pra que?". 

Quero ajudar. Sou comunicadora, jornalista de formação, e mãe de três filhos. Passei por uma cesárea e um parto normal. Tive que lutar, mudar de médico, para ter meu parto normal. Ouvi muita coisa, tipo a clássica "depois de uma cesárea não se pode ter normal". Mas peitei. E quero ajudar a tantas mulheres que eu conheço que são enganadas, iludidas, amedrontadas quando ficam grávidas. Elas têm que ser empoderadas. 

E quem fala agora sobre o papel da educadora pré-natal é o poder em forma de mulher: Carla Machado, presidente da Anep Brasil (Associação Nacional para a Educação Pré-Natal). 

"A verdadeira educadora pré-natal é a MÃE que vai através da sua imaginação, dos seus sentimentos, do seu estado de humor, da sua alegria, embalar o bebê dentro do ventre. Mas a informação de como fazer isso se perdeu e muitas mulheres não têm mais a noção da importância dessa missão. Então as educadoras pré-natais vão levar essa missão para as futuras mães, de como é especial e poderoso esse momento de vida que é a gestação. Ela vai ajudar a mãe a proteger e reverenciar esse momento." 

"A partir da informação que a educadora pré-natal vai levar, a mãe fica mais plena em seu poder, e assim, vai gestar um ser humano mais íntegro, inclusive biologicamente. A formação do cérebro de um bebê no ventre de uma mãe tranquila e feliz se dá de uma forma mais completa, harmônica e ideal. Com a ajuda da educadora pré-natal não é só a futura mãe que se beneficia, é a sociedade como um todo. Esses bebês terão maior capacidade de empatia, são seres que estão mais prontos para fazer parte de uma sociedade mais fraterna."

"A vida pré-natal influencia na vida do ser humano no sentido de que tudo que é plasmado no útero, como as células ainda estão se desenvolvendo, a mensagem que vai vir dessas células vai se replicar, fica gravado em um nível profundo na memória celular, o que a criança vivenciou nesse estágio. Se ela vivenciou alegria, ela tem o registro de que o mundo está aberto para ela, que ela tem muitas possibilidades. E o desenvolvimento fisiológico dela fica mais completo. Se havia algum gene com propensão à doença, esse gene fica silenciado, é o chamado DNA silencioso, porque houve chance dos genes melhores, dos genes da saúde, falarem mais alto. A célula tem dois modos: ou ela cresce ou ela se protege. Se ela fica no modo proteção (porque vive em um ambiente hostil, com muito estresse), ela não cresce tanto e não se desenvolve tão plenamente. Se você tem uma gestação com menos estresse e menos problemas você vai ter um desenvolvimento ótimo desse ser humano."

Apareçam sempre!

Parto: por que tantas mulheres não têm o parto que querem? 


Normal? Maravilha!
Domiciliar? Perfeito!
Normal no hospital? Tudo certo. 
Na água? Lindo...
De cócoras? Cesárea? Com parteira? Com a ajuda de uma doula, com o médico de confiança? 

Quem escolhe é a mulher. 

E é muito triste perceber que não é o que acontece, na maioria das vezes. Em muitos casos, faltam informação, transparência por parte dos médicos e ajuda para se ter o parto que se quer. 

Fico impressionada em ver quantas mulheres entram em trabalho de parto, têm dilatação e depois, por alguma razão, o processo para, não avança mais. O que acontece? 

Provavelmente, o ambiente não ajudou. 

A oxitocina, hormônio que possibilita o trabalho de parto, é um hormônio tímido, é o mesmo hormônio da relação sexual. Não aparece em qualquer lugar, aparece no escurinho, no aconchego. 

No trabalho de parto, a mulher precisa da oxitocina e precisa "desligar" o cérebro neo-córtex, que é o cérebro pensante, usado na hora de dar palestra, raciocinar, trabalhar. O neo-córtex e o cérebro primitivo não trabalham juntos, e é o primitivo que precisa comandar neste momento. Tudo o que você faz repetidamente, desliga o neo-córtex: tricotar, pintar, por exemplo, fazem entrar em contato com o bebê e favorecem o cérebro primitivo.

Então, no parto, temos que deixar a oxitocina fluir, fazer o trabalho dela, e deixar o cérebro primitivo comandar. Como?

- o ambiente deve que ter pouca luz (luz de velas é ótimo), pouco barulho e ser "quentinho"
- a mulher tem que se sentir segura e não deve se sentir observada
- a linguagem atrapalha. A mulher deve falar e escutar o mínimo possível. Não pode ser alvo de muitas perguntas. 

A mulher que está tendo um bebê precisa de apoio, tranquilidade, amparo e proteção. Proteção do excesso de luz, do frio, de muita conversa. Em uma palavra: aconchego. Em casa, na casa de parto ou no hospital. 

Apareçam sempre!