AMAMENTAR É AMAR
Dois dos maiores especialistas brasileiros em amamentação concordam: não existe leite fraco. Não existe pouco leite. Não existe "meu leite secou".
E vamos deixar claro: isso não é motivo de culpa, ao contrário, é extremamente libertador. Saber que todas nós podemos amamentar, se quisermos e se tivermos a informação e o apoio adequados.
Os especialista que eu mencionei acima são: Dr. João Aprigio Guerra de Almeida, da Fiocruz, coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano e a Dra Luciana Herrero, pediatra com especialidade em amamentação.
Ouvi palestras incríveis dos dois e divido com vocês alguns dos pontos de que eu mais gostei:
- a ioga (na gestação e depois do parto) propicia o empoderamento da mulher, facilitando a amamentação.
- O hormônio da amamentação é a prolactina. Ela é de suma importância, mas sozinha não faz nada. A prolactina funciona como uma chave. E quando há muito stress, outros hormônios - os peptídeos supressores- entram no lugar onde o leite é produzido. O que determina o sucesso da amamentação é a relação de harmonia entre mãe e bebê.
- O bebê tem fome de que? Não é só de nutrição. Não é só fome. É carinho, aconchego, mãe, sede, colo.
- o leite do início da amamentação é aguado, mais branco. Não quer dizer que é fraco, é assim mesmo, tem uma razão de ser, é aguado para matar a sede do bebê. O leite do fim é rico em gordura e por isso, amarelado. Isso é importante pra saber que é necessário amamentar totalmente, até o peito esvaziar.
- o primeiro leite, o que tem mais água, é o que tem mais fatores de proteção. O segundo tem mais proteína, que vai sustentar o crescimento da criança, os ossos. O terceiro mais gordura. Por que é importante a gordura no final? Para o bebê aprender a plenitude gástrica e ativar a sensação de saciedade, física e psíquica. Só por este fator, os bebês que foram amamentados tem 33% menos chance de desenvolver obesidade na vida adulta.
- não existe milagre para aumentar leite. Água, descanso e nutrição adequada. É só. Bengalas: caldo de cana, canja de galinha, não vão fazer mal, mas são bengalas. Às vezes, a gente precisa de bengalas.
- Dieta materna: se a mãe não é acostumada a tomar leite e derivados, é bom evitar durante a amamentação porque o bebê pode desenvolver alergia e intolerância. Chocolate e pimenta, a mesma coisa. O melhor, tanto para a mãe que está amamentando ou para a gestante, é não mexer na alimentação. Pode mexer na quantidade, aumentar proteína por exemplo, mas não na qualidade. Se está acostumada a comer carne vermelha, continua comendo. Pode diminuir, comer mais peixe, mas não mudar.
- Vamos reconhecer a amamentação como algo fundamental para a qualidade de vida da pessoa na vida inteira. O que acontece nessa fase é decisivo. É através desse momento que formaremos seres humanos melhores. É um momento de ouro: tem chance de recuperar o que ficou mal resolvido e projetar um caminho mais tranquilo adiante.
Luciana Herrero:
- O leite sempre é forte. Se a mulher está desnutrida, ela vai perder cálcio dos ossos, proteína dos músculos, mas o leite vai ser sempre forte. A mulher é que perde nutrientes, todos vão para a produção de leite.
- para aumentar a produção de leite nada como amor, carinho, descanso, água, nutrição.
- o sucesso da alimentação: 50% são por causa do pai. Principais causas de desmame: avó e pediatra.
- nunca culpe uma mulher que não conseguiu amamentar. Ela não é má mãe. Ela não deu conta de todo o processo físico e psíquico, que é intenso e difícil.
- Uma mãe que não conseguiu amamentar: a primeira coisa é tirar a culpa dela. A mãe amamenta toda vez que segura o filho no colo, olha no olho e brinca com ele.
- Não adianta dar leite, tem que amamentar. Olhar nos olhos. Isso nutre o cérebro, alimenta a alma, o cérebro faz várias sinapses. É pra vida.
- Alimentação psíquica: olhos nos olhos, conversas, cantarolar, toque, massagens, alimentar nos braços, estar presente. Isso a neurociência já provou. As sinapses cerebrais são feitas com mais velocidade quando há tudo isso.
Apareçam sempre!